segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O EDUCADOR COMO DISCÍPULO E COMO FORMADOR DE DISCÍPULOS.

Antes de formamos discípulos, entendamos o que é ser um discípulo, pois ao educador cabe esta obrigação de desenvolver o discipulado e ser também um discípulo.


Ser discípulo é ser um seguidor fiel e difere de ser simplesmente aluno, pois ele aprende o que o mestre ensina, e em contrapartida, o discípulo torna-se igual ao mestre, deixando de ser aprendiz para buscar a concretização da maturidade.

“O discípulo não está acima de seu mestre, nem o servo, acima do seu senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo como o seu senhor” (Mateus 10:24 – 25). A meta principal do educador discipulador é capacitar os seus discipulados a tornarem-se cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo.

O valor da instrução se encontra neste ponto em que para que o discípulo se torne igual ao mestre (Lucas 6:40), como entenderá se não há quem o diga? Para ser discipulador não se deve retirar o direito de seu discípulo de receber a instrução, muito conhecimento para si próprio não traz proveito ao seu próximo, o que nós temos e sabemos devemos servir ao nosso próximo.

Lucas 14: 25 – 35 nos retrata como deve ser o andar de um discípulo, ao qual nos deteremos em alguns de seus aspectos. Primeiramente, vemos que os discípulos acompanhavam o seu mestre em qualquer lugar que fosse, podia ser em altas montanhas como em pequenos vales. Isso mostra uma íntima ligação que requer tempo, dedicação e amor. É o querer estar sempre mais perto e mais próximo, querer conhecer como ele, o mestre, realmente é. Sua vida é um exemplo e atrai as pessoas para estarem próximos de si.

Verificamos que o andar do discípulo é acompanhar o mestre não importando se ele está no alto de uma montanha ou em pequenos vales, mas o discípulo tem sede de estar onde seu mestre está para que possa ouvir de suas instruções.

Jesus demonstra que no Seu serviço, no exercício do discipulado, algumas colocações são necessárias, como que alguém que o segue “e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida” (Lucas 14: 26). Ele deixa bem claro em Suas palavras que “não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:24).

Não implica aqui com essas palavras que as pessoas ao nosso redor devem ser desprezadas e deixadas totalmente isoladas, como se não tivessem nenhuma importância para o discípulo. Aborrecer implica não deixar que essas coisas tomem conta ou que comande totalmente a nossa vida, ou seja, “amar menos”. “Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mateus 10:37) e completa que: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa acha-la-á” (Mateus 10:39).

Ser discípulo é ir até as últimas conseqüências, como perder a própria vida, não medir esforços, não olhar para trás, ou seja, “tomar a sua cruz” (Lucas 14:27). Não é algo meramente momentâneo, mas é um dever diário, se anular para o mundo e seguir somente a Cristo.

A renúncia é muito mais do que um desapego, mas é realmente uma prova de amor, é transpor barreiras, não temer o novo, é “abrir mão” de seus próprios desejos, que nem sempre são os melhores, para ser direcionado somente ao Mestre.

Jesus nos compara ao sal da terra, pois ele é quem faz a diferença. Ser discípulo não está somente restrito ao fato de sermos seguidores, mas também de demonstrarmos a diferença neste mundo, é transformarmos em como o Mestre é, por isso somos sal, o que é presente, o que tempera, é o que faz falta.

Quando o sal se torna insípido, ou seja, não faz diferença, pois ele não tempera mais, ele: “Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo; lançam-no fora” (Lucas 14:35), para “ser pisado pelos homens” (Mateus 5:13).

Está claro nas passagens bíblicas qual é a nossa obrigação, de sermos primeiramente discípulos de Cristo, de formarmos o caráter de Jesus em nós para sermos também formadores de discípulos.

Agora, o que devemos responder é como sermos formadores de discípulos sabendo que esta é uma obrigação colocada para nós na grande comissão no Evangelho segundo Mateus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19)?

Um exemplo real sobre o discipulado é a vida de Barnabé, um homem natural de Chipre, que Atos dos Apóstolos narra a sua história onde ele “como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (Atos 4:37), Barnabé é tido na igreja de Antioquia como aqueles que eram qualificados como profetas e mestres e foi designado para que, com Paulo se preparasse para a sua primeira viagem missionária (Atos 13: 1 – 3), Barnabé então foi o discipulador do apóstolo Paulo, uma lição a ser seguida por nós educadores.

Paulo e Barnabé pregaram juntos, sofreram perseguições, viajaram, viram conversões acontecendo também juntos, e durante a reunião dos apóstolos e dos presbíteros todos ficaram parados para ouvir o que Barnabé e Paulo tinham a dizer, contando “quantos sinais e prodígios Deus fizera por meio deles entre os gentios” (Atos 15:12).

Não colocaremos como o “segredo para ser um grande discipulador”, mas diremos que existem princípios importantíssimos para que isso aconteça como no caso de Barnabé e Paulo.

O discipulador deve ser um “pastor” para os seus discípulos, encorajando-os a oferecerem as suas vidas como sacrifício vivo e agradável diante de Deus, não somente encorajar, mas também exortar quanto à prática da santidade e compromisso no reino de Deus, inclusive no incentivo de levá-los à prática da leitura bíblica e da oração. O discípulo precisa entender e desenvolver o conceito de que todas as coisas que são realizadas são para a glória somente de Deus.

Além do conceito sobre a consagração de vida e glorificação do nome de Deus, o discipulador é um amigo para os seus discípulos. Realmente Jesus praticou este conceito com os Seus discípulos.

Lamentavelmente, às vezes, é visível a distância entre o discipulador e o discípulo, na qual os discípulos ficam maravilhados com a sabedoria de seu discipulador, mas apreensivos quanto ao respeito no relacionamento entre eles. A cena fica mais crítica quando eles se tornam indiferentes de uma forma impessoal e formal. A afetividade é necessária para que não haja ruídos nas instruções. Um bom relacionamento é capaz de levar a compreensão dos ensinos de uma forma mais eficaz.

Zelar de nossos discípulos e aceitá-los como são, demonstrando interesse, apreço, consideração e valor, isto, sim, é demonstrar cuidado. Este cuidado deve ser iniciado pelo educador para que seja contagiante. Palavras de elogios e confrontação são manifestações de afeto (“Você consegue!”, “Por que não tenta de novo?”, “Parabéns!” “Vá em frente” ou “Mude de direção!”, “Este não é o melhor caminho!”, “Você precisa tomar uma atitude!”, entre outros). Não é somente dizer que eles são importantes, é demonstrar que eles são.

O entendimento que cada um possui a sua peculiaridade é entender que cada um aprende de uma forma, que cada um precisa de um atendimento diferenciado e que não podemos exigir que todos sempre tomem as mesmas atitudes, que pensem da mesma forma, ou seja, que sejam iguais, pois eles não o são.

O discipulador não pode fugir da idéia que a sua vida é a própria instrução, isto é, à medida que o educador se torna mais transformado, mais modelado pelas mãos do Senhor, mais ele verá que estas mesmas atitudes começarão a surgir nos seus seguidores.

O educador discipulador instrui os seus discípulos quanto ao valor de serem servos quando ele o é, ele ensina aos seus discípulos as verdades quando ele procura formá-los num todo em Cristo Jesus, ele somente é discípulo quando o seu coração transborda desta experiência que, de todas é mais ilustre mesmo com tantas objeções e responsabilidades.

O maior presente que um educador pode receber é ver um de seus instruídos realizar sozinho aquilo para o qual dedicou tempo. Para que hoje ele pudesse ser o discipulador e dizer que a vida do seu educador é quem o ensinou isto, ou mesmo que nada diga, saibamos que diretamente ou indiretamente ficaram “marcas de valor” na construção da história de uma vida.

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