quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A EDUCAÇÃO CRISTÃ NO ANTIGO TESTAMENTO

A função do professor no Antigo Testamento era produzir pessoas obedientes, pessoas motivadas pelo respeito profundo por Deus. O professor deveria instruir outros nos mandamentos de Deus para que o povo fosse reconhecido como tendo sido separado por Deus (DOWNS, 2001, p. 27).

Educar no Antigo Testamento está intimamente relacionado a fatores relevantes, tais como: dar entendimento, declarar, fazer conhecido, produzir, ser proveitoso para, declarar com clareza (Jó 22:2; 32:8; 33:4; Neemias 8:8, entre outros).

Primeiramente podemos encontrar a educação demonstrando a comunicação do conhecimento e de habilidades (II Samuel 22:35), mas também significa a instrução quanto ao viver como vemos no livro de Deuteronômio, em especial o capítulo 11. Nota-se que a matéria que era aprendida e ensinada era tão somente a vontade de Deus sobre todas as coisas, a Sua soberania, e a obediência da Lei do Senhor.

Obediência a Lei estava envolvida com o fato de a pessoa honrar a Deus e trazer paz e conforto a Israel; devia-se guardá-la e cumpri-la para que isso fosse a sabedoria e o entendimento daquele povo. O ensino estava nos estatutos e juízos de Deus. E por meio de todas as coisas que eram aprendidas e ensinadas, não se poderia extraviar o coração durante todos os dias da vida (Deuteronômio 4:5 – 10).

Nota-se que o ponto principal do ensino é: “a comunicação da vontade de Deus a respeito do relacionamento entre o homem e Deus ou seus semelhantes, sendo que esta vontade se discerne através da interpretação da ® lei” (WEGENAST, 1982, p. 44).

Na verdade, o ensino significava o caminho pelo qual Deus conduzia de forma maravilhosa e esplendorosa o Seu povo, e era indispensável como diz em Isaías 54:13, em que todos os filhos do Senhor seriam ensinados pelo Senhor, para que houvesse paz entre seus filhos. Deus não somente educa, mas tem um fim a ser alcançado.

A educação era fundamentada ao mesmo tempo em relatos históricos, chamando-se assim de processo histórico no ensino. A maior escola era a vivência, o que eles podiam “ver com os próprios olhos” e “viver com a própria vida.”.

Josué 4 é uma passagem bíblica clara que nos prova esta realidade. O povo de Israel atravessou, passou a pé enxuto, o Jordão, pois as águas se levantaram, isto é, foram “cortadas”, por um milagre de Deus, e depois disto o Senhor diz a Josué: “Tomai do povo doze homens, um de cada tribo, (...) tomai doze pedras; e levai-as convosco e depositai-as no alojamento que haveis de passar esta noite” (Josué 4:2 e 3). Josué reuniu os doze homens e eles levantaram as doze pedras como o Senhor ordenara.

Por que disto, perguntaríamos. Deus tinha um intento com isto, conforme diz em Josué 4:6 que “para que isto seja por sinal entre vós” para que quando os vossos filhos, em dias futuros perguntassem o que significavam aquelas pedras, eles soubessem responder que as águas do Jordão foram cortadas diante da Arca do Senhor e que Israel passou a pé seco. Conclui-se que: “Estas pedras serão, para sempre, por memorial aos filhos de Israel” (Josué 4:7).

Mais que meras palavras, fatos que comprovam, lembranças históricas que mostravam o poder absoluto de Deus, o qual governava aquele povo. Crianças ainda tão pequenas se deparavam com as maravilhosas graças derramadas por Deus que foram registradas através da história. Eram, de suma importância, esses “monumentos” que traziam à memória os feitos de Deus. Isso também é educação.

A família na cultura hebraica era, se podemos assim classificar, privilegiada: um povo escolhido por Deus, família eleita. E não havia como separar o culto e a cultura, pois a educação fazia parte do projeto humano para que se cultuasse de forma mais agradável a Deus. Crianças eram instruídas para serem mestres no futuro, e a cultura hebraica como um todo contribuía para que isto acontecesse. O processo histórico também é cultura, e cultura é educação.

O conhecimento devia ser bem vivo na mente e no coração de todo o povo hebreu, “pois esta palavra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires” (Deuteronômio 30:14); “ponde-o na sua boca” (Deuteronômio 31:19); “para os guardar e cumprir” (Deuteronômio 28:13); “cumpre-os de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Deuteronômio 26:16), “atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos” (Deuteronômio 11:18); entre outras expressões que advertem quanto ao valor encontrado nos ensinos de Deus ao Seu povo, não é meramente escutar, mas guardar no mais profundo do ser para que possamos cumprir.

O ensino era pelo próprio Deus, era pelo processo histórico e cultural, além disso vemos que o ensino era realizado de forma pública. “Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres e de todos os que eram capazes de entender o que ouviam” (Neemias 8:2). Neste contexto vemos o povo pedindo para que houvesse a leitura da lei perante a congregação, e quando Esdras abriu o livro à vista de todos, “todo o povo se pôs em pé” (Neemias 8:5). Esdras dava explicações de maneira que todos pudessem entender, e ao ouvirem, prantearam. Esdras descreve para que eles não se entristecessem, mas que era motivo de júbilo, pois “a alegria do Senhor é a vossa força” (Neemias 8:10), o povo regozijou-se com estas palavras, porque tinha entendido as palavras que Esdras proferira.

Fundamentado neste relato, pode-se tirar preciosas lições para a educação. Vejamos: não somente ensinar de forma pessoal, mas de forma pública também, de maneira que os ouvintes possam alcançar o que está sendo dito, para isso não se deve proferir palavras que não cheguem ao seu entendimento, devemos utilizar a “fórmula de quem escuta” e não de quem fala.

De uma forma muito especial, encontramos o ensino no Antigo Testamento como uma instrução familiar, ou seja, de pais para filhos. Sendo este fato tão proeminente para a educação, dedicaremos um espaço específico para a sua exposição que veremos adiante deste trabalho.

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