sábado, 26 de junho de 2010

CONHECENDO A SI MESMO, UMA VISÃO INTROSPECTIVA

Quem sou? Ao olharmos para dentro de nós mesmos percebemos o quanto não nos conhecemos. Dizemos que somos seres dotados de capacidades e habilidades que nos tornam seres humanos, que pensam, sonham, possuem desejos e são repletos de emoções.


Porém, há uma grande necessidade de se ter uma visão introspectiva, ou seja, deve-se debater consigo mesmo, pois o educador possui uma responsabilidade de dar apoio adequado ao seu “aluno”, deve motivá-lo sabendo que o entusiasmo é contagioso, mas lembremos que a falta de autoconfiança também o é. O dever de acreditar em si próprio é caracterizado pelo auto-conhecimento, sendo assim, determina em grande medida o sucesso ou o fracasso da pessoa que se está educando.

“A pessoa emocionalmente amadurecida pode confrontar-se com um possível fracasso e fraqueza, porque isso não a abala ao ponto de ter pena de si mesma” (ENGSTROM, 1984, p. 98). Vemos que passamos a nos conhecer melhor na medida em que podemos ser vistos pelos outros e podemos ser reprovados ou aprovados por eles.

Conhecendo a nossa própria identidade nos faz mais sóbrios, refletindo, assim, uma pessoa mais madura. Pois somos filhos de Deus (“De sorte que já não é escravo, porém filho; e sendo filho, também herdeiro por Deus” – Gálatas 4:7) e ao mesmo tempo nos deparamos com a realidade do pecado. Se nós não nos conhecermos a ponto de nos fortalecermos em nossas fraquezas e vencê-las, como poderemos nos considerar maduros se não estamos cientes de como lutar com o próprio eu pecaminoso?

Nós também somos seres formados por princípios adquiridos no decorrer da vida com o passar do tempo e resta-nos saber, portanto, se estes princípios são bíblicos e coerentes com a verdade.

Aquele que se conhece sabe quem é Deus, não em palavras, mas em Sua soberania. Conforme a experiência de Isaías (capítulo 6), quando teve a visão da glória de Deus e do seu próprio eu, um ser incapaz subjetivamente, mas ligado Àquele que é Santo. Eis aí uma visão introspectiva que não podemos deixar de lado, é sermos totalmente dependentes de Deus. Para isso necessitamos ter características espirituais que nos fazem mais fortes espiritualmente e mais dependentes.

Jesus Cristo em João 16 nos relata sobre a missão do Espírito Santo, o Consolador, e o que salta aos olhos é que “ele vos guiará a toda verdade” (João 16:13) e quanto mais dependermos de Deus, mais seremos guiados para a verdade e nos convencerá do pecado.

O que marca toda esta “holística pessoal” é encontrarmos em nós aquilo que difere das obras da carne, o “fruto do Espírito” (Gálatas 5:22), e desenvolvê-lo em nossa personalidade, obtendo a vitória sobre esses desejos e sendo controlados inteiramente pelo Espírito, possuindo uma vida real agora com a esperança daquela que está por vir.

O educador antes de tudo deve ter Jesus Cristo como o seu Salvador e Senhor. Ele deve ser servo do Deus Altíssimo. Somente quem desfrutou de uma real “experiência” com Cristo pode transmiti-la de forma autêntica. Tal afirmação não anula a obra do Espírito, porém confirma aquilo que Ele operou em nós (Efésios 2:8; II Coríntios 2:15, Mateus 1:21).

Certos de uma vida transformada por Deus, devemos buscar a santificação, ou seja, tornar-se a cada dia mais santo, buscar uma qualidade de vida íntima com Deus e servi-lo de forma aceitável.

Santificação é uma obra sobrenatural de Deus, e consiste em mortificar o “velho homem” vivificando o “novo homem”, criado em Cristo Jesus para as boas obras. Esta obra, que afeta o homem por inteiro (corpo, alma, intelecto, afeições, vontades) é uma obra de Deus sim, mas os homens também cooperam.

A preciosidade de nossa vida cristã não pode ser lançada fora, mas restaurada a cada dia de forma inegociável. Nicodemos em João 3:1-15 entendeu ao ouvir Jesus lhe explicar que importa é “nascer de novo”, sendo que Cristo é quem proporciona este novo nascimento.

O cristão já se tornou uma nova criatura, mas sempre terá em si a condição pecaminosa. Livrar-se dessa condição é tarefa difícil e dolorosa, pois o novo homem avança sempre para a justiça e para a verdade em santidade, para isso devemos buscar a renovação da nossa mente despindo assim das coisas que já se passaram e fazendo-as todas novas.

Santificação não é somente um querer do homem para que ao olhar-se introspectivamente, possa dizer “tenho tentado”, mas é uma ordem de Deus para nós, “porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (I Pedro 3:16) e “esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (I Tessalonicenses 4:3).

Todos que confessam Jesus Cristo são educadores que levam a mensagem com a sua própria vida. Como transmitir algo se isso não arde no coração de quem diz que vive a santificação? É mais além do que nós podemos pensar, do que nós podemos fazer sem ao menos dizermos uma palavra. Como diz o apóstolo Paulo, “prossigo para o alvo” (Filipenses 3:14), pois a santificação não é estática, mas o seu percurso é progressivo.

Outro fator de relevância para uma auto-análise é a vida de oração do educador, buscar sem cessar, derramar-se diante de Deus frente à incapacidade humana e quebrantar o coração em atitude de reconhecimento de quem somos e que valores estão sendo guardados, que não são coerentes. O educador precisa confessar os pecados e também, ter um coração grato diante de Deus. De seus lábios devem fluir “rios de louvor”, adorar e exaltar ao Rei em total vida de consagração. Quem não sabe quais são os propósitos de Deus para a sua vida, muitas vezes, é porque não perguntou para a pessoa certa: Deus.

A consagração à piedade é buscar o pleno conhecimento sobre Deus, mesmo sabendo que somente as coisas que foram reveladas nos são possíveis de entendimento, busquemos com fervor cada letra escrita na Escritura Sagrada, pois é dela que vêm os fiéis ensinamentos para um coração sedento do alimento que nutre a alma.

A pureza de coração também é outro fator envolvido nesta visão introspectiva. A Bíblia nos ensina que Jesus é “manso e humilde de coração” (Mateus 11:29), e que aprendamos com Ele a tarefa de ser humilde, pois “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5:3); sabendo que o aperfeiçoamento de qualidades potenciais constitui o meio mais promissor para aumentar uma eficácia global do educador.

A pureza dos pensamentos, ou seja, a mente, também é um alvo a ser atingido e transformado. Paulo em sua carta aos Filipenses resume o que deve ocupar os nossos pensamentos (Filipenses 4:8). O cristão deve ter pensamentos puros, gerenciar os pensamentos faz parte desta visão introspectiva que não deve ser banalizada, mas reconhecer que pensamentos não gerenciados podem causar atos não desejados em sã consciência.

Quando pensamos em uma visão do nosso próprio eu, devemos ter em mente que virtudes devem ser cultivadas, a fim de que nossas características interiores se reflitam em nossos atos e que sejam agradáveis a Deus na busca pela maturidade.

A maturidade é revelada também na estabilidade emocional do educador, na capacidade de resolver conflitos, tendo características como: compreensão, confiança, tolerância, lealdade e simpatia. E mais, ele deve encontrar algumas qualidades peculiares: entusiasmo, integridade, disciplina, determinação, coragem, humor, lealdade, altruísmo, entre outros. O crescimento emocional e o seu desenvolvimento resultam num ser humano mais caloroso, fazendo assim possível a modificação da personalidade.

Integridade pessoal, desejo de realização de forma realista, aceitação da autoridade em competência, posição, personalidade e caráter, autodisciplina, criatividade, delegação, determinação, persistência, vida equilibrada, fé e oração e ser motivado pelo amor e dedicado ao serviço são marcas de um educador submetido ao controle de Deus, nosso Senhor, e seu exemplo. O educador deve sempre exigir o melhor de si, estabelecer padrões, usar medidas de referências, procurando sempre atingir o alvo que á glória de Deus.

O educador tem sempre uma prioridade, que é Cristo, e deve possuir um estilo correto de vida interior, pois ele é um referencial, é motivado e presta contas. “Cooperação com a obra e ministério do Espírito Santo nas nossas vidas, bem como auto-análise, provocarão resultados muito positivos e compensadores” (ENGSTROM, 1984, p. 107).


ENGSTROM, Ted W. Como se Forma um Líder Cristão. Tradução de Eunice Machado. Portugal: Centro de Publicações Cristãs, 1984. 238 p.

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